sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Divagações que não se curvam (parte I)




I
"Dizer que o ateísmo foi a causa de milhões de mortes nos regimes socialistas do século XX é algo semelhante a dizer que Jesus Cristo é o culpado da Santa Inquisição. Se os comunistas eram ateus não significa que todos os ateus eram comunistas. Aliás, o comunismo é quase uma religião em sua leitura de mundo e sociedade, uma vez que entende todos aqueles que não comungam de sua estrutura de pensamento como degenerados, alienados e inimigos (ou "contra-revolucionários" no jargão da Guerra-Fria). A religião faz o mesmo com os descrentes ou "infiéis" ao tratá-los como pecadores, depravados, insensíveis, duros de coração. Não existe falácia mais covarde do que atirar na cara de alguém  a apropriação indevida que outros fazem de sua ideologia ou visão de mundo. Assim como os massacres e crueldades promovidos pelas religiões, e defendidos gloriosamente em seus livros sagrados (e isso é convenientemente omitido), não servem para desmerecer a ideia de sobre a existência de deus ou deuses, da mesma forma os massacres dos regimes socialistas não servem para desmerecer o ateísmo."

II
“É claro que o capitalismo um dia vai cair, mas não sei quando, nem como. Vai cair porque nada é eterno, nada mesmo, mas é impossível prever o que virá depois. O fato é que o capitalismo é um fenômeno social de longuíssima duração e é extremamente fluido, consegue se adaptar aos mais diversos sistemas, nas ditaduras mais ferrenhas e nas democracias mais liberais. Assim como foram os  sistemas de servidão coletiva, o escravismo e o feudalismo, o capitalismo não foi inventado por ninguém, ele aconteceu e é indomável. O maior erro daqueles que tentaram controlar ou derrotar o capitalismo é que lutaram contra um fenômeno social, e um fenômeno dessa natureza não pode ser enquadrado num sistema fixo. Marx aparentemente errou ao afirmar que o socialismo/comunismo seriam, através do proletariado urbano, a ideologia que sepultaria o capitalismo, e seus opositores chafurdam nesse argumento para desmerecer o marxismo enquanto teoria social. Mas esquecem também que todos os entusiastas do capitalismo erraram ao tentar maneiras de potencializá-lo ou humanizá-lo. Adam Smith, só para ficar num  único exemplo (único e demolidor), dizia que a não-interferência do governo na economia garantiria o bem-estar da sociedade e das nações, dispensando a interferência do Estado. Basta estudar um pouco de História para perceber que a ação desregulamentada do mercado e das grandes multinacionais gerou toda uma rede de cartéis e trustes econômicos que, na segunda metade do século XIX e início do século XX, forçaram os governos, mediante pressão financeira e política, a promoverem um colonialismo brutal e que desembocou na primeira guerra mundial."

III
“Um dos maiores contrassensos de que tenho conhecimento é a existência de jovens conservadores. Não estou dizendo que o cara só por ser jovem deva sair como uma besta-fera fazendo tudo que lhe dá na telha, mas é um fenômeno interessante existir jovens que repitam jargões como ‘antigamente as coisas funcionavam’, ou coisas do tipo. A imagem do jovem como questionador das regras, tradições e estruturas sociais é só uma idealização do passado. Hoje tenho notado que há uma tendência fortíssima da juventude a desprezar os conhecimentos adquiridos nas escolas (talvez isso seja desde sempre) e de tornarem-se insensíveis com os problemas sociais e também mais fúteis. Os jovens, por estarem distantes dos livros e do conhecimento num nível que nunca antes estiveram, estão se tornando incapazes de entender e opinar sobre algo que escape de seu horizonte imediato. Temos jovens perfumados e bem vestidos mas pensando como aqueles velhotes conservadores que acham que o fim do mundo está chegando”

IV
Um dos sintomas da queda de um império é quando ele sofre rachaduras por dentro. O governo estadunidense hoje monitora a internet do mundo todo e nos EUA até a compra de uma panela de pressão pela internet  pode lhe render uma investigação do FBI (vejaaqui). Diziam que Bin Laden, a Al Caeda e os fundamentalistas islâmicos odiavam os EUA porque odiavam a liberdade. Quando vejo que o governo americano não respeita mais a liberdade de ninguém então só posso pensar que Bin Laden conseguiu o que queria. De nada adiantou matá-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário