terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O inferno somos nós, não os outros




A desclassificação do Santa Cruz na Copa do Nordeste, com um gol aos 46 minutos do segundo tempo, onde, jogando em nosso estádio com mais de 30.000 torcedores apoiando, encostamos a bunda na parede durante os últimos 45 minutos é sintomático dos rumos que anda tomando a trajetória do Santa Cruz Futebol Clube.

Os últimos 20 anos tem sido difíceis de engolir o que vem acontecendo com o Tricolor da Beberibe. Se fosse um clube qualquer (tipo Sport ou Náutico) já teria fechado as portas. O Santa não fechou, nem vai fechar, porque é eterno. Mas  o clube tem vivido uma via-crucis que parece tão eterna quanto o clube; vez por outra parece que a maré vai mudar, mas é só ilusão.

O culpado disso:  o “coitadismo” que se instaurou no clube nessas últimas duas décadas, um legítimo “complexo de vira-latas” no melhor estilo Nelson Rodrigues.

Desde a década de 1990 o discurso dos dirigentes e de grande parte dos torcedores do Santa Cruz se resume a colocar a culpa nos outros e principalmente nas circunstâncias. A mentalidade geral é: “quando as circunstâncias permitirem o Santa volta a ser vencedor”.

Por mais que se diga que a divisão das cotas de Tv são injustas, que o finado Clube dos 13 entupiu o Sport de grana e nos afundou na escassez financeira, que o Sport vetou nossa entrada no clube dos 13 em 2001 (numa amostra clara do medo e do rancor que alimentam contra nós), é preciso ter em mente que a culpa está no próprio Santa Cruz. Está em seus dirigentes provincianos e no vício de nossa torcida em acreditar nestes cartolas que posam de “heróis redentores”.

Na tentativa de mostrar algum serviço os dirigentes corais investiram em caminhos errados, em expedientes ridículos que serviam para tentar “tapar o sol com a peneira”. Contratavam “jogadores bombas” como Mancuso em 1998 e Iranildo em 2004 na intenção de ludibriar o torcedor e fingir serviço, mas eram incapazes de montar equipes equilibradas e manter os salários em dia; as campanhas de sócio não tinham continuidade nem profundidade; viciaram o clube no dinheiro nas rendas dos jogos. A maior piada foi quando o presidente Jonas Alvarenga montou um time apenas com “atletas de Cristo” em 2000, independente da qualidade o importante seria ter fé. Resultado: ficamos em último lugar naquele brasileirão.
Até quando vencia o clube era sucateado: na gestão de Romerito Jatobá ganhou um Pernambucano, subiu para série A, e estranhamente o clube não pagava ninguém, devia salários e mais salários e as suspeitas de negócios “duvidosos” pairavam sobre o Arruda (pesquisem o caso Rovérsio).
A gestão de Edinho nem é preciso falar do desastre de dois rebaixamentos seguidos e a entrada na série D.

Nas vitórias que o Santa conseguiu nesses últimos anos parecia mais que as camisas jogavam sozinhas, pois a qualidade dos jogadores era sofrível.

A gestão de ALN parecia mudar o panorama do Santa, parecia que íamos virar um clube de verdade outra vez. Parecia...

O bicampeonato estadual, conquistado na base do planejamento de futebol de alto nível, e a subida de divisão da série D serviram para causar a impressão de que o Santa ia tomar jeito, mas a mentalidade provinciana continuou dando as cartas: cambistas mandando na venda de ingressos, programa de sócios defeituoso, ingressos para jogo de série C com preço igual ao de jogo da série A. No futebol a falta de pulso com os desmandos  de Zé Teodoro no fim de 2012 resultou com a desclassificação vergonhosa na primeira fase da série C.

Essa derrota agora na Copa do Nordeste reflete essa mentalidade provinciana, esse coitadismo, esse complexo de vira latas, essa nossa incapacidade de admitir e tomar atitudes contra os problemas do clube.
Quando a administração é ruim e covarde isso se reflete dentro do campo, pois as contratações, o planejamento, o ambiente do clube refletem essa covardia. Derrotas acachapantes e vergonhosas como essa do último domingo, ou como a final de 2004 contra o Náutico, ou a decisão de 2006 contra o Sport, ou mesmos as vergonhosas desclassificações para times desconhecidos na Copa do Brasil, refletem  a falta de coragem , de valentia e de organização das gestões que passaram pelo Santa nos últimos 20 anos.

Clubes bem dirigidos, com gestões arrojadas e que inspiram confiança, formam equipes vencedoras, conquistam títulos e atraem mais lucros e investimentos.

O Santa Cruz tem a massa de torcedores mais apaixonadas do Brasil, é recordista de venda de ingressos, tem um estádio grandioso que quando lota (o que é freqüente) faz o clube ganhar mídia no Brasil inteiro. No entanto não tem uma campanha de sócios decente, não tem uma estrutura decente, nem trata seus torcedores de forma decente

O problema do nosso clube não está na Rede Globo, não está na Federação Pernambucana de Futebol, não está na CBF. Está no próprio Santa Cruz.
Cabe a nós fazê-lo mudar.  Eu farei minha parte cobrando, apoiando muito nas arquibancadas, comprando produtos oficiais e, acima de tudo, exigindo que gente comprometida com o clube ocupe a cadeira de presidente.

O Santa Cruz é minha pátria


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