Tá faltando pouco, muito pouco,
para os reaças de facebook fãs de Olavo de Carvalho começarem a dizer que o
nazismo teve lá suas vantagens (ops!! O Olavo já insinuou isso). A morte de
Nelson Mandela deu mostras de que essa turma não tem a menor noção do que diz. São
movidos por um ódio tão irracional que sequer tentam disfarçar a sua
mentalidade racista, machista, homofóbica e eugênica.
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Um dos carros-chefe desses
imbecis engajados é a página de facebook “Meu professor de História mentiu pra
mim” que conta até esse momento com 59 mil seguidores (inclusive gente que um
dia cheguei a achar que era inteligente e intelectualmente honesta. Ledo engano).
Após o falecimento de Mandela eles postaram essa canalhice a seguir:
Primeiro cabe aqui uma refutação
ao relincho argumentativo presente na imagem. Mandela lutou contra um regime
político que estabeleceu a partir de 1948 uma brutal segregação racial. No rol
de realizações deste regime estão a proibição de casamentos interraciais
(1949), criação de espaços exclusivos para brancos e criação de um sistema de
educação diferenciado que levava os negros a serem educados apenas para
exercerem trabalhos braçais (1953);
tomou terras dos negros e forçou-lhes remoções forçadas.
Placa delimitando o uso da praia exclusivamente para brancos na África do Sul
Para os direitosos errado estava ele Mandela em resistir ao Apertheid
Daí passam a
acusar Mandela de “terrorismo” (palavra que os reaças adoram) por liderar um
grupo guerrilheiro que lutava contra esse regime. Talvez esses imbecis achem
Mandela e os negros deveriam ter aceitado quietinhos a dominação branca e
esperar pela “divina providência”. O fato é que diante de um regime violento e
segregacionista não se pode condenar Madela por formar uma resistência armada.
A postagem ainda termina relinchando que Mandela implementou um regime marxista
na África do Sul ao virar presidente. Basta olhar que na África do Sul
aconteceu na verdade uma enorme liberalização da economia, com venda de
estatais, ataque aos direitos trabalhistas, impedimento da reforma agrária (bandeira
histórica do partido de Mandela, o CNA) e aumento do desemprego e manutenção da
desigualdade social.
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O uso da mentira como jogo
argumentativo é um espetáculo de estupidez bem ao gosto das Olavetes. Além
disso fica nítida a defesa que esses cretinos fazem de um regime de segregação
racial (uma característica do fascismo é crença em “superioridades raciais”).
Claro que é perda de tempo refutar esse monte de excremento pois os indivíduos
que os pregam a torto e a direita não tem a menor preocupação com a verdade.
. “O fascismo é fascinante deixa a gente ignorante fascinada” (Humberto Gessinger)
Fenômenos como esse, onde grupos
investem num pesado revisionismo histórico visando adequar fatos acontecidos
para se tornarem legitimadores de suas crenças não são coisas novas, isso
sempre ocorre em determinados momentos históricos. Os fatos históricos são
explicados em moldes pré-prontos sempre vendendo respostas fáceis e falsas (não
existe resposta fácil para temas complexos). O levante conservador no Brasil
tem várias formas, ataca de várias frentes e tem em comum um ódio mortal contra
o PT e demais partidos de esquerda (ódio que não é por questões éticas, pois
silenciam quando direitosos do DEM, PSDB e congêneres são pegos em situações “pouco
republicanas” como o “Trensalão Tucano”, “Mensalão do DEM” ou o “helicóptero do
pó”), além de odiar abertamente o processo de inclusão social ocorrido no
Brasil nos últimos 20 ano a acentuado nesses últimos dez anos do PT no poder.
Tentam passar a impressão de que o Brasil era um país industrializado,
socialmente menos desigual e com menos corrupção do que agora lá pelos anos da
ditadura militar (outro aspecto fascista é acreditar que a democracia
enfraquece a sociedade).
Esse levante conservador conta
com figuras midiáticas que tem um certo destaque. Desde rockeiros decadentes
com uma imagem que teima em ser “jovem” (Lobão, Roger), humoristas que adorampiadas racistas (Danilo Gentili), apresentadoras de telejornal cheias de “openeão”
(Rachel Sheherazade), historiadores de ocasião (Leandro Narloch), “filósofos”
que odeiam as faculdades e escolas (Luis Felipe Pondé e Olavo de Carvalho),
líderes religiosos claramento racistas e/ou homofóbicos e machistas (Feliciano,
Malafaia) entre outros. Em comum é que todos são propagadores de discurso de
ódio as vezes velado, as vezes declarado.
A fixação desses indivíduos em
deturpar a história não é nada mais do que uma tentativa de adequar os fatos
com as suas ideias, não o contrário. A reescrita arbitrária da história é um
fenômeno que sempre esteve presente em todas as ideologias radicais e em seus
adeptos ignorantes, sejam eles de esquerda ou de direita. Daí esses babacas saírem
dizendo que o Brasil está diante de um golpe comunista tramado pelo PT em
parceria com Fidel Castro (é, eu sei que é ridículo, mas essas toupeiras gostam
de propagar isso), que o Mais Médicos é um programa que visa infiltrar
guerrilheiros cubanos no Brasil, que a ditadura militar foi de “esquerda” e que
as redes de TV são todas “comunistas” (Inclusive Globo, Bandeirantes, SBT, etc.).
Mais do que isso essas figuras
estão perdendo a vergonha em expressar os seus mais profundos preconceitos. O ódio
que essas pessoas sentem dos discursos de inclusão social e o fanatismo imbecil
adquirido com as suas pseudo-leituras os faz defender reacionarismos de fazer
qualquer indivíduo com o mínimo senso de decência corar de raiva e vergonha.
A página deu mais uma mostra de
que essa direita radical defende novos tipos de eugenia. Faz umas duas semanas
quando fez um comentário sobre a novela das nove da TV Globo. Reproduzo o
comentário aqui:
“Acabei de ser informado que a novela das 9 se
passa em uma realidade paralela na qual obesidade e autismo são atributos de
sexy appeal. O pessoal do politicamente correto tá no desespero mesmo!”
Diante da avalanche de comentários o cara
ainda tentou se justificar com uma postagem que aumentava ainda mais a vergonha
alheia. (veja aqui) (outro aspecto do pensamento fascista é a crença
de que certos indivíduos são biologicamente “bem nascidos” enquanto outros não
são)
Daí cabe pensar: o que dizer de um
grupo que quer chamar de “liberdade de expressão” discursos de ódio e
preconceito desavergonhado?
Essa página não revela nada sobre
história, revela sim muito sobre quem a acompanha. Se o indivíduo é alguém razoavelmente
letrado e tem consciência das sandices que são divulgadas ali e mesmo assim as
repercute então é uma figura com um nível estratosférico de desonestidade
intelectual e moral. Se o indivíduo acredita seriamente no que encontra ali
então é melhor evitar cair de quatro pois periga de não levantar mais.
Snif, Snif!!! O papa mentiu pra você também?
Pra encerrar vem aí aquela que eu
considero a maior prova de desonestidade intelectual e do fanatismo destes
indivíduos. Para quem não sabe a página “Meu professor de História mentiu pra
mim” faz apologia declarada da Igreja Católica, o que de início não haveria
nada demais. Eu mesmo, um ateu, tenho me percebido muito simpático a certos
aspectos do catolicismo (como o de não deixar que sua fé e suas missas se tornem espetáculos
midiáticos dantescos); mas a página tenta reescrever certos aspectos pouco
elogiáveis do passado da Igreja. Os caras já afirmaram que a Igreja ordenou queimar Galileu na fogueira por que ele “não
seguiu o método científico” ou já fez a apologia ao Tribunal da inquisição
chamando-o de “marco civilizatório” (O
mestre deles chegou a dizer que as mortes na fogueira não eram desumanas).
Gastam tempo tecendo loas aos papas mais conservadores que manifestaram repúdio
ao comunismo e ao ateísmo. Mas surge o Papa Francisco, ele mesmo o Mário
Jorge Bergóglio, um papa que está saindo muito melhor do que a encomenda. Já oelogiei aqui no blog.
Eis que Francisco faz uma
exortação apostólica em que denuncia a vergonha do mundo capitalista atual, da
falta de solidariedade e da busca por lucro desenfreado. Exorta sobre a falta
de amparo aos desvalidos e sobre a insensibilidade dos mercados. Há trechos
amplamente inspiradores, vejam:
“O grande risco do
mundo actual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza
individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada
de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha
nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os
pobres”
“Alguns defendem (…)
que todo o crescimento econômico, favorecido pelo livre mercado, consegue por
si mesmo produzir maior equidade e inclusão social no mundo. Esta opinião, que
nunca foi confirmada pelos fatos, exprime uma confiança vaga e ingênua na
bondade daqueles que detêm o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do
sistema econômico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar.”
Qual foi a reação dos responsáveis
pela página? Passaram a criticar o Papa Francisco. No blog de mesmo nome que a
página há uma postagem com o singelo nome de “Bergoglio, uma decepção” onde
chega a petulância de chamar o Papa de “vitima de uma epidemia mundial de
burrice”. Para esses indivíduos o papa só é infalível (como afirma o dogma da
Igreja) se defender um capitalismo destrutivo e desumano, se ele for
progressista ele é indigno do cargo.
Essa mentalidade absurda que
mistura mentiras, alienação, insultos e preconceito vem ganhando cada vez mais
corpo nos dias atuais. O sinal amarelo acendeu.
Gosto muito do blog e do seu tutor, adoro os textos e seu jeito de escrever. Mas, esse texto em particular discorre como mesmo cita o autor sobre um tema atual hoje em dia esse maniqueísmo entre esquerda direita ou vice versa. Ora, se estão surgindo informações, fatos ou averiguações sobre determinados ícones da historia acho que se deve prestar atenção. (Luis Felipe Pondé e Olavo de Carvalho), entre outros citados, se são rasos ou subjetivos em seus argumentos acho que o texto deveria desmistificar esse pensamento acho eu que certos atos, passagens pouco gloriosas da vida de um Nelson Mandela, Gandhi, não tira o mérito de suas causas pela humanidade. Desmistificar também o tal do preso politico no caso mensalão e não ser reaça a ponto de chamar os leitores de Olavo de Carvalho de Olavetes, fora outros termos, relinchar e mais que aparece na escrita. Assim não vou distinguir quem é mais preconceituoso se é a (Esquerda) ou a (Direita) que alias a muito acho que deixou de existir tais bandeiras. Pra mim Lobão e Roger não são reaças, pra mim mídia golpista não existe, existe mídia vendida que quer o lucro pelo lucro seja qual partido for DEM, PSOL, PSTU, PMDB ou qualquer outro P que esteja no poder. Blog muito legal que nos faz querer ler sempre sempre abraços.
ResponderExcluirSobre os adjetivos pesados que usei percebo que eles foram bem deselegantes. São frutos do calor do momento (uma das propostas do blog é escrever os textos e publica-los em estado bruto).
ExcluirA ideia do post foi usar a postagem sobre Mandela para mostrar como esse perfil de facebook promove uma desqualificação covarde de ícones que não estejam de acordo com seu viés ideológico. Concordo plenamente que casos pouco elogiosos de figuras históricas como Mandela, Ghandi não os diminuem. A minha intenção no texto não é a de transformar ninguém em figura impoluta, mas impedir que certas ideias sejam propagadas a partir de uma covarde sequencias de inverdades.
Sobre os adjetivos pesados e deselegantes que usei peço humildes desculpas, é só ver os demais textos do blog e ver que sempre tratei de temas espinhosos com respeito. Apenas falei movido por uma enorme revolta.
Quanto a chamar os leitores de Olavo de Carvalho de "Olavetes" cabe lembrar que muitos deles se chamam assim ou de "Olavianos",
Também concordo que não existe mídia golpista (mídia gosta é de dinheiro) e que não há presos políticos no mensalão (os caras pagam pelo que fizeram)
"O uso da mentira como jogo argumentativo é um espetáculo de estupidez bem ao gosto das Olavetes" O que pegou foi (as) Olavetes, mas... então cara reitero que gosto muito da linha do blog e acho que presta um serviço pra nós leitores com tantos tópicos interessantes. Que continue assim, e vamos acompanhar, sempre. Zenna Rocha. .
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