tores da complexa mentalidade da guerra-fria. Cidadãos comuns dão um pequeno retrato sobre como era o dia-a-dia diante do sepultamento de um regime político e o parto doloroso de um novo.
Um dos momentos mais marcantes é a entrevista com um jornalista do jornal PRAVDA (oficial do regime), onde se mostra a realidade orwelliana do jornalismo num regime de partido único.
O ponto alto do livro é a entrevista com o historiador Eric Hobsbawm onde ele analisa as causas do fracasso da utopia socialista. Nas falas de Eric percebe-se uma enorme preocupação sobre quais ideologias substituiriam o espaço deixado pela utopia socialista:
"Há um vasto espaço para o sonho. Mas também há o perigo de que esse espaço seja preenchido por um tipo errado de sonho: por sonhos nacionalistas, por sonhos racistas, por sonhos de ressurreição de religiões fundamentalistas" - Eric Hobsbawm
(NOTA: essa foi a frase mais certeira que li nos últimos tempos)
As eleições russas de 1996 trazem reflexões importantes
sobre como o ritmo dos acontecimentos históricos é sentido de maneiras
diferentes dependendo do contexto em que as popuações estão inseridas: enquanto o mundo bradava o fim do socialismo o
candidato do Partido Comunista Russo quase venceu Yeltsin nas eleições; enquanto o mundo tratava Gorbachev como um herói
que trouxe liberdade a Rússia e extinguiu a chance de uma guerra nuclear, ele
era um retumbante fracasso eleitoral dentro de seu próprio país (foi o candidato
presidencial com menor votação em 1996).
É um livro empolgante para quem se interessa pelas variadas dimensões de grandes acontecimentos históricos. Com boas entrevistas e crônicas escritas no estilo "jornalismo literário". Li suas 235 páginas em uma única tarde.
Vale a leitura.
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