"Eu não sou cachorro não" passa a realidade brasileira durante o auge do regime militar(1964-1978) através da produção musical "cafona" da época, mostra que a direita censurou, perseguiu e incomodou ao extremo artistas populares que hoje muitos chamam de "alienados". Cantores tidos covardemente como "bregas" eram perseguidos pelos militares e por setores conservadores da sociedade: Waldick Soriano e Odair José foram pródigos em causar escâdalo com canções que levantaram a ira da Igreja Católica, por exemplo.
Os irmãos Dom & Ravel, que foram achincalhados pela a esquerda como se fossem os artistas que eram a cara do regime militar, são retratados no livro como artistas politizados e críticos, mas que pelo patriotismo que tinham e pelo fato da ditadura militar ter se apropriado de suas canções foram retratados na história como se fossem covardes entusiastas do regime militar.
O livro também mostra o processo e ascenção da Rede Globo de Televisão e sua relação próxima com o regime militar e com a marginalização e o silenciamento dos cantores populares.
Em certa parte do livro discute-se uma visão aterrorizante (mas verdadeira) do golpe de 1964: de que o regime militar não foi exatamente a ação de uma minoria truculenta de militares e industriais da elite econômica sobre o povo, mas que o regime militar teve apoio de amplos setores sociais de todas as classes, inclusive de artistas e intelectuais tidos como "de vanguarda".
Enfim, um livro imperdível.
Outra hora eu consolido esse post
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