terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Que leituras indicar para os adolescentes?

 Todo início de ano letivo os professores de Português, Literatura e Redação escolhem livros paradidáticos para que os alunos leiam durante o ano, e eu sempre resolvo ficar na minha pra não sucumbir a incrível tentação de dar pitacos no trabalho do outros. Me chama a atenção de que os livros escolhidos por alguns professores sempre são clássicos da literatura nacional ou internacional, com linguagem adaptada, ou então aquelas porcarias de livros de Pedro Bandeira (que se acha um gênio, mas desconheço escritor mais "lugar comum"). 
Isso pra mim é apenas a prova do quanto alguns professores são presos a cânones, aos dogmas estabelecidos pelo "senso comum acadêmico". Isso os leva a forçar nos jovens uma leitura de clássicos que, apesar de geniais, estão longe da realidade do jovem, de seu circulo de interesses e de sua capacidade de abstração.
Particularmente, acho que quando se indica uma leitura para um jovem é necessário obedecer a um jogo complexo. Geralmente os professores escolhem os livros pensando no que eles querem que o aluno goste, se esquecem das implicações que a idade traz; o jovem na adolescência vive uma fase que em geral é um tanto egoísta, pouco reflexiva e onde o que importa numa leitura, assim como em qualquer outra coisa, é a capacidade de prazer que ela pode proporcionar. Daí  que os grandes Best-Sellers da literatura juvenil hoje são narrativas extremamente pobres, da qual é impossível se extrair uma reflexão crítica minimamente razoável, mas que alimentam o riso, a fantasia, a rebeldia, tudo o que um adolescente gosta. Os jovens de hoje não tem preguiça de ler, isso é uma balela, uma parte considerável lê bastante, o problema é que só lêem livros com narrativas e reflexões paupérrimas (isso quando da pra refletir em alguma coisa). Daí o sucesso de coisas como e série "Crepusculo" e toda aquela bobagem de vampiros adolescentes, ou "Harry Potter" e suas fantasias ou autores nacionais que escrevem panacéias mitológicas que em nada acrescentam a quem lê esses livros, Eduardo Spohr e um exemplo dessas bobagens.
O sucesso editorial destes livros se dá a partir de que os livros indicados na escola não correspondem a uma linguagem que possa ser entendida e abstraída por jovens entre 11 e 15 anos (fase decisiva para o desenvolvimento do gosto pela leitura).
A leitura de clássicos da literatura universal, os  nacionais inclusos, é importante pois muitos destes livros são capazes de promover uma profunda reflexão crítica por parte do leitor, mas esse não pode ser o ponto de partida, é preciso estabelecer uma base sólida com livros que primem pelo bom conteúdo, que trabalhem as qualidades interpretativas do aluno, que alimente seu senso crítico e sua ironia, mas que, antes de tudo, respeite sua linguagem, o seu momento de vida. Uma vez que isso seja feito os jovens vão realmente gostar de ler algo produtivo e engradecedor, que vai facilitar sua vida estudantil e acadêmica devido a ampliação de sua linguagem e capacidade de expressão e do trato com idéias complexas desde a juventude. Do contrário teremos jovens que lêem essas bobagens compulsivamente mas que são incapazes de entender uma poesia, uma metáfora, um simbolismo; o que pra mim é uma nova forma de analfabetismo funcional.
No próximo post dou um exemplo de um livro que preenche estes requisitos que eu acho importante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário